terça-feira, 13 de novembro de 2007

Como definir o Fotojornalismo?


O fotojonalismo pode ser definido como a prática do jornalismo, em substituição, ou mesmo, complemento fundamental a linguagem verbal. Sua arte trabalha dentro do aspecto do impacto para informar, sendo que, não poucas vezes vamos traduzir a noticia com base na imagem retratada pelo jornalista ou fotografo que busca informação em seu olhar critico e criterioso para com a imagem-informação traduzida no ambiente inserido.
Já durante os reinados, grandes guerras e viagens feitas ao redor do mundo em busca de riquezas, o homem utilizava-se de imagens. Estas feitas com base em pinturas, que serviam para transmitir informação sobre fatos ocorridos, cartas de navegação, não poucas vezes de forma distorcida. O relato fotográfico torna-se importantíssimo dentro do jornalismo moderno do Século XX, e para a sociedade em geral. Aprende-se que com ele pode-se dar vida, e transformar a visão do leitor a partir do ocorrido, transmitindo-lhe, sentimentos que muitas vezes não se teria com relatos ou discursos, mas que são facilmente propagados com a transmissão de imagens a partir de uma lente.
Política, economia, cidade, estado, país, esporte, etc..., tudo se transforma em informação a partir do olhar da lente que amplia a realidade a ser traduzida, talvez aí esteja a explicação para o fenômeno que é a TV. Chamar a atenção para o fato impresso dentro daquele quadro, não poucas vezes com grande destaque dentro da informação inserida em reportagens, anúncios, matérias e exposições.

“Nos anos 60 e início dos 70, a simples divulgação de fotografias teve o poder de mudar o curso da história. Em contraste com essa época de ouro, o jornalismo visual contemporâneo inunda o mundo com cartões-postais”. Edgar Roskis. (I)

A luta dentro de movimentos sociais sempre formou grandes nomes que, ora ou outra, vieram a refletir o momento em que vivíamos, de diversas formas. Um brasileiro merece destaque dentro deste jornalismo que informa com imagens, sem que muitas vezes seja necessária sua tradução em palavras. Sebastião Salgado é seu nome.
Nome conhecido dentro do meio de retratos de imagem / realidade foi traduzido da seguinte forma. Brasileiro de nascimento, vindo de classe média, formou-se em economia e trabalhou no Ministério da Fazenda. Deixou o país em 1969, ano em que foi para Paris (França), em fuga de seu país recém ingressado em uma violenta repressão ditatorial traçada pelos militares, onde, era inimigo do estado por ter participado do movimento estudantil brasileiro contra a ditadura militar e sua repressão, continuou a desenvolver sua carreira em economia fazendo Doutorado na França, onde hoje é considerado ícone da fotografia realidade dos tempos modernos.
1971, e por meio de sua mulher (Léila Wanick) que Sebastião Salgado, descobre a arte da fotografia, utilizando-se da máquina de Léila recém comprada para desenvolver seu trabalho em arquitetura. Empregado na Organização Internacional do Café, baseada em Londres, iniciou em suas viagens ao continente Africano onde realizou um trabalho fotográfico sobre a realidade, enquanto desenvolvia sua pesquisa sobre diversificação de plantações da arrubiácea. Aprendendo o valor da arte diante da ciência.

“Quando voltei a Londres, as fotos me deram dez vezes mais prazer que os relatórios econômicos que tinha de escrever.” Sebastião Salgado.

Jornalista, assim pode ser definido por seu olhar e reprodução dos fatos ocorridos dentro do mundo de guerras, das quais transmitiu por sua lente nem tão distantes das marcas deixadas pelos conflitos de Angola, Saara Espanhol, Israelitas aprisionados em Entebe, incêndios de poços de petróleo no Kuwait e a tentativa de assassinato de Ronald Reagan, entre outros tantos que ainda fotografa e fotografará.
Mas é a partir de seus projetos documentais, que Sebastião Salgado transmite sua forma de ver o mundo em que vivemos. Da fome ao migrante, da desconstrução causada pela guerra, aos
traços de sofrimento transmitidos no olhar de quem foge da morte. Afirmando que sempre tem sido influenciado em seus trabalhos pela sua forma latino-americana de ver o mundo e seus retalhos.

“Afinal você fotografa com tudo o que você é. Venho de um país subdesenvolvido onde os problemas sociais são muito intensos. E assim torna-se inevitável que as minhas fotos reflitam isso... creio que exista uma forma latino-americana de se ver o mundo. É algo que não se pode ensinar, por que simplesmente faz parte de você.” Sebastião Salgado.

O homem que traduz o mundo de uma forma particular de vê-lo, e que define esta forma como um olhar latino-americano, de enxergar a desigualdade e a realidade dos fatos, começa a partir de 1977 a retratar a América Latina. Seu primeiro trabalho sobre á realidade Latino-Americano de ser, foi transformado em livro com o título. “Other Américas” (Outras Américas), impresso simultaneamente em inglês, francês e espanhol, em 1986.
A descrição da ‘Fome’ que com tristeza observará no semi-árido nordestino, o remeteu ao passado. Onde decide voltar a fotografar a fome do Sahel Africano onde havia iniciado sua extensa carreira e onde colaborou com o grupo francês Médicos sem fronteiras, do qual lhe rendeu indicação e prêmios de diversos órgãos jornalísticos ou não.
Em seu olhar destaca-se a ralação de tudo aquilo que o mundo deixa de enxergar, para traduzir em números, que serão esquecidos em gavetas empoeiradas, ou estudo de sociólogos e filósofos que serão aplaudidos e tão somente isso. Suas imagens percorrem o subconsciente e dão sentimento aos fatos mais inusitados, transformando tristeza e dor em arte. Arte que faz com que um simples afegão se torne protagonista da desconstrução de todo um país, que faz de uma mãe alimentando seu filho, uma cena emocionante e triste diante da miséria vivida.
A realidade tem formas de ser transmitida, porém seus relatos fotográficos transformados em imagens preto e branco de sentimento aguçado, olhar terno, visão da realidade transformadas em informação, lhe dão a passagem da simples imagem, para o trabalho realidade. Da luta armada aos sem terra, sempre com um olhar aproximado, contrario a ética jornalística que manda se pautar pelo distanciamento de fontes e fatos, passando apenas como mero observador. Sebastião Salgado contraria está realidade, mostrando-se, inserido dentro do contexto sem que o mesmo se transforme por sua presença ou de sua câmera, transmitindo a realidade dos fatos sobre seu olhar.
Sua aproximação torna seu trabalho vivo e reflexivo. Ponto fundamental dentro da descrição da realidade pela fotografia, suas imagens viraram alvo de estudo e pesquisas, pois a descrição de ambientes e fatos ocorre diante de seu olhar aguçado, que certa vez descreveu a luz do ambiente como objeto fundamental para seu trabalho, já que nascido no vale do rio doce sua retina necessitava de luz para ter um olhar sobre os fatos. “Foto e sensibilidade da luz”. disse Sebastião Salgado certa vez.
Da guerra suja dos militares, surgiram grandes pensadores, assim como, dos grandes fatos que mudaram o mundo surgiram lideranças, políticos, pensadores e músicos. Aquele que poderia até hoje ser um burocrata dentro de nosso incipiente e vasto ambiente chamado estado, hoje é o homem que traduz em imagens a realidade do ser humano para com seu semelhante, suas dificuldades e realizações, da desconstrução á fome retratada em imagens que chocam e traduzem a dor e o sofrimento de toda uma nação. Ele pode ser chamado de Gênio, ou simplesmente Sebastião Salgado!

Um comentário:

Jeffrey Paulatti disse...

Fíiii, até que essa foto ficou bonita... .agora me responda.. que sorte de oró deixa o seu blog sem atualizações desde novembro de 2007 a menos que seja o Rei Oró (Cleiton Lanes)