domingo, 18 de novembro de 2007

Como falar de CHE?


Homem, mito, revolucionário, revoltado, porco, excêntrico, Deus ou diabo? Assim, com estes adjetivos muitos dizem poder definir, aquele homem barbudo, de olhar forte, expressão marcante, charuto a boca. Para tantos outros, louco por suas viagens excêntricas, sem paradeiro, seus amores de parada, suas lutas, sua ideologia. Ideologia esta, que o fez viajar por uma America desconhecida, que intitulou de “A AMERICA maiúscula”, e o fez morrer em batalha por uma que acreditava ser possível. AMERICA da igualdade, do capital socializado, AMERICA da diversidade, de rostos, falas, dialetos e sonhos por dias melhores.
Quando vivo, contrariou as barreiras, derrubou fronteiras, lutou contra seu maior inimigo. A desigualdade, retratada em suas aventuras. Sonhou, descreveu o mundo pelo olhar daqueles que pouco tinha, retratou diferenças, assumiu uma bandeira. A conquista do poder em 1959 em Cuba á sua morte em 1967 ficam marcadas por sua mudança ideológica em relação à forma de tratar, manter e olhar o poder, e a revolução da antiga URSS (União das Republicas Socialistas Soviéticas), que em seus pensamentos transcritos em cartas apresenta questionamentos sobre a forma, da qual se deve conduzir o povo revolucionário a tudo a que os mesmos têm direito.
Aos quarenta anos de sua morte, continuamos mesmo que inconscientemente a olhar para seus feitos, lutas e objetivos. Retratamos sua imagem, evocamos seus pensamentos, discutimos as formas, as atitudes, seu querer e seu poder. Morto, aquele homem impiedoso, de olhar marcante, porco e um tanto quanto narcisista, mais parecia um anjo. Este igual a tantos outros que o cercavam admirados, loucos para ver o então, “El Diablo”, descrito pelo exercito Boliviano, que havia capturado e morto, aquele homem que vinha em nome do diabo causar a morte e o sofrimento nas palavras do exercito que se propagavam, pelos campos, pelos montes, em meio aquele povo miserável, de necessidades estampadas sobre seus olhares sofridos e seus corpos marcados pelas injustiças ali cometidas.
Suas experiências tomaram o mundo de um grito. Que mundo temos? Que mundo queremos? Seus feitos são debatidos, sua imagem adorada, seguidores não o faltam, que diante da Praça de Maio, ambiente de lutas e conquistas dos argentinos, e sua terra natal dividem espaço com as Mães da Praça de Maio, de lutas constantes por justiça. Comparado algumas vezes no Brasil a Antonio Conselheiro, homem de fibra destacada, em meio a seu rebanho destoando com palavras fortes e de uma liderança só vista na luta de Guevara pela igualdade entre os povos da AMERICA.
Marquixista, profundo estudioso, médico, cujo apelido conquistado ainda no colégio, dado por colegas, tratava como marca, aquela abreviação que mais tarde se tornaria símbolo da luta de classe por igualdade. “CHE”, assim gostava de ser chamado o homem independente, revolucionário, culto, apaixonado por seus ideais e por sua família. Por sua avó, deixou de lado o desejo de ser engenheiro. Asmático, especializou-se em doenças respiratórias, viajou o mundo, trocou experiências, dividiu uma motocicleta com seu amigo Alberto Granada, dividiu uma revolução, sonhos e esperanças, com seus companheiros, amigos e com um povo, distancio-se de sua família, e de seus sonhos particulares por seu ideal. Viveu intensamente, riu, chorou. Morto seu semblante sereno chocou aquela população, simples e necessitada.
Seus sonhos de revolucionário, ainda se encontram vivos entre estudiosos, historiadores, socialistas, sonhadores. Como descrever as aventuras e conquistas de um homem debatido, adorado, odiado, revolucionário, golpista. Como descrever sua AMERICA maiúscula, seus sonhos, como imaginar o Che Guevara e suas aventuras nos dias atuais? Como retratar seus pensamentos diante daquilo que vivenciamos nos dias atuais? Na era da globalização, do capital neoliberal, da competição desmedida entre o homem e sua semelhança, como retratar o comunista, revolucionário, dono de uma extensa biografia? Talvez o chamando apenas de CHE!

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